quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Um lugar


Hoje os bares estavam meio vazios, o caminho de volta também.
E nesse estranho vazio descobri porque não gosto de voltar, e lá me sinto bem.. É porque quando volto sinto deixar um pedaço meu que está ligado a você.
Por lá é onde mora, vive. É estranho mas, gosto de estar perto de onde você possa estar, e longe daquele teu olhar.
Não gosto de voltar sabendo que eu podia ficar, ainda mais em uma sexta feira de ruas e estações estranhamente vazias.

Escrito em 04 de Dezembro de 2009

Passou rápido


Um mês para o Natal.


E caí uma chuva com presença.


Trovões.


Passáros cantam ao longe.



Escrito em 25 de Novembro de 2009

Saudade..


A essa hora eu estava perdida em seus braços, pele suada, respiração ofegante, beijos com vontade.
Hoje, estou entre lágrimas, sentada em uma poltrona, em um desconsolo absurdo, querendo estar contigo agora, amanhã, depois e depois..
Agora, minha saudade vem nos primeiros segundos após lhe deixar naquela estação. Vou sem querer mas te querendo e querendo cada vez mais.


Escrito em lágrimas, ao lembrar dos lençóis que nos envolvia noite passada, onde como sempre o mundo tem sentido.
20 de Novembro de 2009

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Estações

Próxima estação Mare.. Patriarca
Também queria que fosse a Marechal Deodoro.
É dela que tenho saltado ultimamente para ver o meu amor.
Por lá fica Perdizes, onde me dizes coisas que quero levar pra sempre comigo.
Vou do Paraíso a Consolação sem sair da Marechal.
Escrito em 30 de Outubro de 2009

Ligação

Hoje aquele "eu te ligo" aconteceu. Gostei.
Bom sinal?
Talvez.
Mas, acho que foi só para compensar a ligação mais importante do mês.
Escrito em 20 de Outubro de 2009

Desabafo

Anoiteça, anoiteça logo, quero ir embora, acabou a bateria.
Gosto deles mas, quando estamos juntos, me sinto sempre menor do que eu sou.
Será que vai ser sempre assim? Ninguém percebe? Eu sou chata e detalhista demais, ou falta um pouco disso a eles? Se for, eles não são os únicos com essa carência.
Podia dizer tanto e por horas mas, sempre estarei errada mesmo em silêncio. Sou aleijada de defesa, trauma de infância. Acho que Freud explica.
Anoiteceu, vou embora.
Escrito em 13 de Setembro de 2009

Mais uma vez

Você: Furei né?
Eu: Ainda pergunta?! haha..
Não posso esperar muito de você ou cobrá-lo, infelizmente não é meu namorado.
Mas eu espero o minímo que seja, promessa é dívida, e quando me dá sua palavra eu aceito sem cerimônia, porque te gosto.
Mais uma vez eu esperei, e você falhou. Eu sabia, mas nem por isso quer dizer que eu não me chatei, engana-se.
Quando a razão espera o que o coração não quer que aconteça, dói do mesmo jeito, preve significa sofrer menos, só isso.
E mais uma vez, eu perdoo.
Escrito em 09 de Setembro de 2009

Boas migalhas

Hoje fui o que eu quero ser, tua e nua.
Nada mais..
Se são poucas horas de migalhas em um motel em Perdizes, se volto aos prantos tantos e você pra ela, é problema meu.
Afinal, aquele dia lhe rejeitei, e hoje sutilmente me castigas com tua sentença, que minha razão até aceita, mas meu amor suplica que não seja.
Escrito em 25 de Agosto de 2009

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Reencontro

Você é canalha e eu bem sei, mas aprecio teu esteriótipo excêntrico, teu charme singular, e não entendo como me deixa assim.
Pensei que hoje, meu coração tão calejado e agora com sua insuficiência mitral leve, não fosse bater descompassado ao lhe reencontrar.
Mesmo depois de tanto tempo, ainda encaixo no teu abraço e no teu beijo, tuas mãos deslizam pelo meu corpo que você bem conhece, em um carinho que afaga e faz valer a pena cada respiração.
E volto estranhamente contente, porque feliz é demais, é pesado.
Escrito em 06 de Julho de 2009 - Abertura do 4° Festival Latino Americano de Cinema

Remendos ou retalhos?

Minha cabeça vai e volta nesse redemoinho de desejos e fatos consumados, tenho vontade de expelir toda minha fúria em um único grito longo e sem pedir licença, ainda mais quando ouço uma música que põe do avesso.
Tenho todos mas nenhum, estou me divertindo mas ainda choro naquele quarto, pois, ainda te quero e enquanto você demora, vou vivendo de remendos que mantem vivo esse coração que agoniza a sua espera.
Eles até vestem bem, eu gosto. Mas, o retalho que eu quero é outro, singular, excentrico, com ele eu visto melhor, combina, encaixa. Saca?!
Talvez eu tenha que fazer desses remendos o retalho que eu quero, um dia tive e perdi. Fazer dos remendos o retalho, pode até ser divertido mas, não o suficiente. E isso, é estranhamente triste.
Quero você inteiro e minha metade de volta. Sou tão jovem e já conheço as desilusões do amor.

Escrito em Julho de 2009

Atrasada..


Gosto de me deslocar pela cidade na locomotiva de metal, gosto mais quando posso ver a paisagem, mesmo que não me agrade muito.
Hoje muito atrasada, entrei no último vagão e sentei na janela, entre duas estações fui sozinha. Achei tão agradavél, que não me importaria em ir até meu destino final assim, afinal, eu podia falar sozinha, confiar segredos aos bancos marrons e azuis, qual deles seria mais confiavél? Enfim, podia cantar, dançar ao som de Elephant gun, fazer amor com ele que me causa riso e choro fácil, se aqui estivesse, ou até mesmo encenar algo improvisado.
Mas, como nada é perfeito e tudo parece o tempo todo ser uma grande ilusão idiótica, rostos para mim anônimos e nem um que me causasse deslumbre, começam adentrar o espaço coletivo, que por duas estações o fiz meu.
Até que valeu a pena chegar atrasada, o muso inspirador que torna minhas noites animadas simplesmente ao vê-lo, estava sentado perto da janela, o cumprimentei e sentei ao seu lado, trocamos algumas palavras, e discretamente o olhava, estavamos tão perto que deu uma imensa vontade de agarrá-lo. Ah, flertar é bom.

Escrito em 26 de Maio de 2009

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Desilusão..



Por cada bar aconchegante com seu burburinho, cada tragada do cigarro alheio e cada gole de cerveja, eu te sinto, eu te vejo. Nesses bares me sinto em casa, o cheiro da nicotina não me desagrada e meu fígado parece aceitar bem a cevada.
E eu me questiono, o que te faz me sentir, me ver?
Nesses últimos dias que já somam um mês, acredito que nada. Pois, para o meu desconforto absurdamente insuportavél, venho aos poucos sendo situada em uma realidade da qual dispensaria o despertar.
Nosso roteiro que veio de um curta de cinco minutos, já dura dois anos, e agora depois de todo esse tempo em cartaz em nossas vidas, parece que não terá continuidade, e por que? Talvez por falta de público, falha na produção, falta de recursos ou simplesmente porque deu o que tinha que dar, e seu conteúdo não sustenta uma continuação.
Hoje, minha cabeça dói, minha garganta arranha, meus olhos lacrimejam, minhas narinas ardem, e como se não bastasse, senti aquela saudade da sua voz, dos seus lábios fartos e quentes, da sua maneira de me envolver em seus braços grandes e tatuados, do nosso encaixe perfeito, enfim, senti saudade do todo que é.
Ainda hoje nos falamos, e foram cinco minutos e quatro segundos de palavras dispersas, ao fim constatei que foi mais um "contato' estabelecido, para nos certificarmos que estou aqui e você aí.
Agora em nossas conversas, você sempre diz que está na correria (não duvido), que queria, pensou em me procurar, eu finjo que acredito, mas não por maldade, juro, mas por raciocínio frio e calculista, queria eu que fossem quentes e letristas.
Por que só pensou e ficou no querer? Por que não parou o que estava fazendo ou reservou alguns minutinhos do seu almoço ou do fim do dia para me procurar? Por que eu consigo e você não? Será porque tenho menos ocupação que você ou orgulho masculino?
Não, é porque dessa vez ela é senhora desse amor, eu sou a última a saber, mas não demora pra essa dor sangrar, ando sentindo frio e chorando pelos cantos, sem que ninguém perceba, não por vergonha, não sou covarde, apenas quero poupar que encostem na minha ferida, porque dela só eu posso cuidar e você curar, os outros só dão diagnósticos.

Escrito em 07 de Maio de 2009

Primeiro texto

Gosto de me destoar do comum, colocar meu óculos de sol e dar o play em Matisyahu - King without a crown e Interpol - Obstacle 2, que me faz sentir uma vibração positiva, um poder avassalador que parece não me pertencer acompanhado de boas lembranças, e assim enquanto o som penetra minhas veias, sinto ser mais forte do que talvez eu seja.
Ver os recortes da cidade pela janela em movimento me agrada, enquanto o sol aquece minha epiderme, observo cada plano em sua particularidade. Sentado ao meu lado um garotinho ainda com o uniforme do colégio, se agita querendo comprar o saquinho com balas diversas que um daqueles ambulantes deixou em seu colo, com sua vontade de criança põe a mão no bolso e tira algumas moedas, entrega-as a sua mãe para que ela faça a soma, logo em seguida faz sua doce aquisição. Achei engraçada a situação, talvez quem estava do lado oposto não tenha achado o mesmo ou até nem tenha notado.
A esfera quente começa a dar lugar ao sopro na nuca, sinto cheiro de cigarro que traz o meu amor em cada tragada, vejo a copa das árvores, ouço businas enlouquecidas e sirenes desesperadas, o caos de cada dia ainda pulsa, mas onde estou é um caos a parte, de poltronas vermelhas, mesas, cadeiras e banquinhos feitos de uma madeira que não consigo classificar, posicionados estrategicamente em um grande chão cinza e com algumas lâmpadas queimadas, mais um espaço que descobri dentro do espaço maior.
E o terraço de onde tive que retirar-me a um pedido educado do segurança, pois estava na hora de ser fechado, era agradavél de estar e não ver os ponteiros se deslocarem.
Ele por inteiro me fez sentir uma grande nostalgia de alguns meses atrás, em que eu passava mais horas nele, com câmeras, tripés, rebatedores, boom, cronogramas, ideias e ideias.. Ah, que saudade!
Escrito em 29 de Abril de 2009