terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Desilusão..



Por cada bar aconchegante com seu burburinho, cada tragada do cigarro alheio e cada gole de cerveja, eu te sinto, eu te vejo. Nesses bares me sinto em casa, o cheiro da nicotina não me desagrada e meu fígado parece aceitar bem a cevada.
E eu me questiono, o que te faz me sentir, me ver?
Nesses últimos dias que já somam um mês, acredito que nada. Pois, para o meu desconforto absurdamente insuportavél, venho aos poucos sendo situada em uma realidade da qual dispensaria o despertar.
Nosso roteiro que veio de um curta de cinco minutos, já dura dois anos, e agora depois de todo esse tempo em cartaz em nossas vidas, parece que não terá continuidade, e por que? Talvez por falta de público, falha na produção, falta de recursos ou simplesmente porque deu o que tinha que dar, e seu conteúdo não sustenta uma continuação.
Hoje, minha cabeça dói, minha garganta arranha, meus olhos lacrimejam, minhas narinas ardem, e como se não bastasse, senti aquela saudade da sua voz, dos seus lábios fartos e quentes, da sua maneira de me envolver em seus braços grandes e tatuados, do nosso encaixe perfeito, enfim, senti saudade do todo que é.
Ainda hoje nos falamos, e foram cinco minutos e quatro segundos de palavras dispersas, ao fim constatei que foi mais um "contato' estabelecido, para nos certificarmos que estou aqui e você aí.
Agora em nossas conversas, você sempre diz que está na correria (não duvido), que queria, pensou em me procurar, eu finjo que acredito, mas não por maldade, juro, mas por raciocínio frio e calculista, queria eu que fossem quentes e letristas.
Por que só pensou e ficou no querer? Por que não parou o que estava fazendo ou reservou alguns minutinhos do seu almoço ou do fim do dia para me procurar? Por que eu consigo e você não? Será porque tenho menos ocupação que você ou orgulho masculino?
Não, é porque dessa vez ela é senhora desse amor, eu sou a última a saber, mas não demora pra essa dor sangrar, ando sentindo frio e chorando pelos cantos, sem que ninguém perceba, não por vergonha, não sou covarde, apenas quero poupar que encostem na minha ferida, porque dela só eu posso cuidar e você curar, os outros só dão diagnósticos.

Escrito em 07 de Maio de 2009

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